A morte de Saramago na imprensa internacional
Destaque no El País, ABC, El Mundo, The Guardian, The New York Times, Estado de São Paulo, Le Monde, Lire, Qué Leer, Corriere Della Sera (em actualização).
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Destaque no El País, ABC, El Mundo, The Guardian, The New York Times, Estado de São Paulo, Le Monde, Lire, Qué Leer, Corriere Della Sera (em actualização).
«Ao acompanhar a épica travessia da Europa por um elefante indiano, de Lisboa a Viena, em pleno século XVI, José Saramago regressa à ficção com inesperado fulgor e assina o seu melhor romance da última década [...], depois de uma sequência de alegorias menores sobre os malefícios da globalização (A Caverna, 2000), as fragilidades da democracia (Ensaio sobre a Lucidez, 2004) e o mais antigo dos temores metafísicos (As Intermitências da Morte, 2005).
Salvaguardadas as devidas distâncias, se há livro com o qual A Viagem do Elefante pede comparação, tanto em termos de estrutura como de fôlego narrativo, é Memorial do Convento (1982). Não há aqui um convento-metáfora do país, nem instrumentos musicais no fundo de poços, nem voos de passarola, nem personagens tão fortes como Baltasar e Blimunda. Mas há a mesma capacidade de fixar um momento da nossa História, construindo à sua volta um universo verbal («porque tudo isto são palavras, e só palavras, fora das palavras não há nada»), um universo que se expande e abarca, numa complexa teia de pequenas histórias paralelas, as várias faces da experiência humana.
Na sua simplicidade, o título não podia ser mais literal. A história do livro confunde-se com a de Salomão, o elefante indiano que D. João III resolveu oferecer, em 1551, ao arquiduque austríaco Maximiliano II, então regente de Espanha. No centro de tudo está a odisseia do «bruto paquiderme» através da Europa: do cercado em Belém à corte de Viena, passando por Figueira de Castelo Rodrigo, Valladolid (onde é entregue aos cuidados do arquiduque) e os terríveis Alpes, onde a passagem do Isarco ou o desfiladeiro de Brenner mais se assemelham a armadilhas de neve e gelo.
Saramago é especialmente eficaz a descrever a forma como a caravana se organiza e desloca, perturbando a ordem dos lugares por onde passa, fascinando as gentes e alimentando mitos (entre eles o do falso milagre de Pádua, mesmo a jeito da Contra-Reforma que se preparava ali tão perto, em Trento). No fim, o animal e a sua longa jornada são apenas um «pretexto, nada mais». Um pretexto para o narrador, tipicamente saramaguiano (isto é, metaliterário, auto-irónico e com tendência para abusar dos anacronismos), cumprir a sua missão: a de nos prender aos sortilégios da literatura.
Texto de José Mário Silva publicado na LER aquando da publicação do livro (2008).
Título da entrevista publicada na LER em Junho de 2008, disponível em PDF aqui.
«Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.» Último post (que recupera uma entrevista de Saramago) no blogue Outros Cadernos de Saramago.
«Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila.» Comunicado da Fundação José Saramago.
Os retratos (três no total) foram agora recuperados na cidade francesa de Angers pela família do autor das fotografias, Raymond Duriez, companheiro de guerra de Antoine de Saint-Exupéry.
O manuscrito de O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam (1941), primeiro texto de Borges a ser traduzido para inglês, será leiloado dia 23 de Junho em Nova Iorque (dedicado a outras preciosidades literárias), por um preço que deve atingir os 300 mil dólares.
O catalão Juan Goytisolo (Prémio Nacional das Letras em 2008) e o novo género narrativo: a literatura sobre a literatura.
No dia em que se conhece o eleito para ocupar um novo lugar de Professor de Poesia em Oxford, o Guardian publica: «What is the future of poetry?».
A Presença oferece cinco exemplares de Perturbações Atmosféricas, de Rivka Galchen, aos primeiros cinco leitores (devidamente identificados) que respondam correctamente à pergunta: Como se chama a mulher do psiquiatra Leo Liebenstein, que desaparece misteriosamente? Apostas para marta.serra@circuloleitores.pt.
Título do livro de estreia na prosa do poeta Luís Carlos Patraquim que assinala os 35 anos da independência de Moçambique. Chega às livrarias a 25 de Junho, com edição da Porto Editora. Primeiras páginas aqui.
A Cavalo de Ferro disponibiliza em PDF as primeiras 30 páginas deste volume que reúne pela primeira vez todos os contos que Flannery O’Connor publicou em revistas literárias.
Explicações do esloveno Slavoj Zizek ao El País.
Há festa rija hoje em Dublin.
Naquela noite aconteceram tigres e foi assim pelo país inteiro. Na cidade de São Paulo da Assunção, a que os mais antigos, como eu, ainda dão o nome de Luanda, uma centena desses grandes gatos silvestres cruzou com suas ágeis patas de veludo a dormência da Ingombota. Muitos os viram. O lume dos olhos riscando o error da madrugada, detendo-se aqui para cheirar as brasas de uma fogueira já quase extinta, ali para sorver a fatigada lama de alguma cacimba. Avançaram depois sobre a praça, onde ficam as casas e palácios dos governadores e capitães gerais destes reinos e suas conquistas, com honrada e sumptuosa morada, e em frente o corpo da guarda, e uns poucos mais de passos adiante o Paço Episcopal, sito junto à Igreja Matriz e assim foram indo, alarmando uma companhia de empacasseiros, que não tentaram dar-lhes caça, antes deles se apartaram muito lestos e em altas vozearias e apupadas. Empacasseiros são soldados pretos. Todos se acham armados de espingardas. Vestem uma tanga feita da pele de algum animal selvagem, bem apertada à roda da cintura, e trazem na cabeça uma grinalda de penas. Têm fama de bons soldados, e homens bravos, mas neste caso não fizeram justiça à boa glória de que desfrutam, pois fugiram, como disse, em gritaria, e esse alarme despertou as famílias nos seus palacetes e sobrados e muita gente assomou às varandas, vendo, sem compreender, o mesmo que eu vi: tigres, às dezenas, varando as ruas. No dia seguinte corria o forte boato de que tais tigres mais não eram do que aquela depravada corte de seiscentos homens trajados como fêmeas com que Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga, para toda a parte se fazia acompanhar.
Quando os holandeses invadiram a cabeça destes reinos, províncias e senhorios, estando os portugueses em desesperada fuga para a Vila da Vitória de Massangano, propuseram alguns oficiais, pessoas inteligentes nos usos e costumes da terra, que se contratassem a negros encantadores para que fizessem entrar na cidade onças, leões e tigres, de forma que tais feras, enfurecidas, engulipassem as tropas invasoras. Opôs-se o bispo, pessoa de muita fé, dizendo que não convinha a estratégia, pois não era guerra limpa, se não bastante suja, visto recorrer a artes do maligno, e não se fez o referido trato, o que no meu juízo foi muita pena.
Excerto do segundo capítulo de Milagrário Pessoal, novo romance de José Eduardo Agualusa, a publicar brevemente pela D.Quixote.
Começa hoje em Lisboa e prolonga-se até 26 de Junho nos palcos do Musicbox, do Instituto Franco-Português, do Goethe-Institut Portugal, do Teatro Maria Matos ou do Cinema Nimas. Confira a programação completa.
Amanhã, na Casa Fernando Pessoa, a partir das 18h30.
«Os livros eletrónicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos.» Umberto Eco ao Caderno 2, do Estadão.
«No Funchal, em vésperas da Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaico-alemã residente descobre-se confrontada com uma imitação grotesca, embora persistente e eficaz, da perseguição política a que escapara.» O Bazar Alemão (Dom Quixote), de Helena Marques, chega às livrarias a 18 de Julho.