Filmes
Perdido em Marte. "Não há vergonha em admitir que eu sou o público alvo deste filme. Porque gosto de histórias sólidas, despretensiosas e sem rodeios."
"Táxi, de Jafar Panahi, é um filme que não é bem um filme, é um documentário que também não é, é uma ficção que é toda ela a ironia de um país e de uma vida presa num táxi pelas ruas de Teerão, Irão."
"Gostei de Paddington porque, resumidamente, é um filme 'fofinho' e que me fez recordar Londres e a infância. Duas coisas de que gosto."
"O meu filme preferido em 2015 foi As Sufragistas, que descreve o movimento pelo sufrágio feminino no início do século XX. Direitos básicos para as mulheres como votar, gerir o património, guarda dos filhos menores, a elas devemos. Um filme importantíssimo que tem passado despercebido e que tem uma incrível Carey Mulligan no papel principal."
Leituras
Um Quarto Só para Si, Virginia Woolf. "Abriu-me os horizontes para uma questão importantíssima: a necessidade do feminismo nos tempos modernos. "
Lição de Anatomia, Philip Roth. "Um livro sobre as dores de um escritor famoso, escritas por um grande romancista."
Amizades Improváveis, Jonathan Evison. "Um drama com saídas de um humor por vezes tão vil que nos apunhala pelas costas, um relato que tinha tudo para ser mais do mesmo, um enorme clichê, mas que está longe de o ser."
"Psicopolítica, de Byung-Chul Han, traz um ponto muito pertinente: compramos o bilhete de sócio no Big Brother. Ele não chega de fora. Oferecemos dados, alienamos o privado, aderimos a um sistema devorador que diviniza a transparência. Um livro decisivo em 2015."
Música
"Riû, de Cuca Roseta ganhou lugar cativo no nosso carro. Remexemos muito no baú mas voltámos sempre a Amor Ladrão" e Lisboa de Agora, roteiro cantado da nossa cidade.
Dumb Flesh, de Blanck Mass. "A carne é fraca, mas 'Dumb Flesh' é para ouvidos fortes. Música rija de um dos elementos dos Fuck Buttons."
"Os Iron Maiden acompanham-me desde o início dos (meus) tempos! Sempre, ao longo da vida.
Elevam-me ao extremo, multiplicam-me a força, empurram-me para longe do caos. Sempre, ao longo da vida. The Book Of Souls cumpre o ritual. É o meu álbum 2015."
"Currents, dos Tame Impala. Palavras magistrais viajam por canções melódicas em ritmo marcado e um tanto apressado. O rock doce de uma autobiografia psicadélica q.b."
Televisão
"Penny Dreadful. Esta série tem uma realização digna de um filme de Hollywood e um elenco de luxo."
El Príncipe. "Espionagem, terrorismo e um amor impossível, com o belíssimo bairro de El Príncipe em Ceuta como cenário."
The Walking Dead. "Mesmo não sendo uma série de 2015, com o problema social que temos vindo a registar na Europa, com o terrorismo e crise dos refugiados, esta
série expõe o que o ser humano tem de pior."
Teatro
"Plaza Suite. Duas histórias, dois grandes atores e um sorriso na cara do início ao fim."
Hamlet, com encenação de João Mota. "Duas horas densas em que, num isabelino cenário em ferradura, Diogo Infante se entrega de corpo e alma ao brilho, à loucura, ao martírio, ao heroísmo, ao amor, à guerra, ao ódio e à angustia que Shakespeare atravessou e transgrediu, tocando a vertigem do mistério humano ao criar Hamlet."
"Pirandello, no Teatro Dona Maria II, foi das peças que mais gostei de ver. Um texto pejado de humor e que nos leva a parar para pensar, sentir sobre a vida, o passar do tempo, a morte e as nossas relações com o jogo da verdade e da mentira."
Imagem do ano
"Quando penso na imagem do ano, penso no horror, no impensável, naquilo para que não há palavras. No menino refugiado que deu à costa como se fosse um pedaço de coisa. Esse menino não me deixa virar a cara, implica-me no mundo, fez-me pensar no absurdo e no combate do absurdo, nos gestos concretos que urge fazer para que o mundo faça algum sentido."
"A Jangada da Medusa, quadro de Géricault que escandalizou a França de oitocentos, retratando um naufrágio histórico (o da fragata Medusa) em que a escassa dezena e meia de sobreviventes até ao canibalismo teve de recorrer para se manter viva. É, para mim, uma boa imagem (simbólica) do ano, num ano de muitos naufrágios e mortes, no Mediterrâneo, claro, mas também nas ruas de Paris e de Bruxelas, no crescimento do medo, nas dúvidas sobre a herança e o futuro da Europa."
"O leão Cecil era um símbolo da vida selvagem, ainda que uma vida selvagem resguardada, e respeitávamo-lo como o rei dos seus. No ano em que muitos foram Charlies, um dentista decidiu que queria maiores presas e matou-o. Só assim. Houve quem achasse um exagero o lamento pela morte do Cecil, mas foi mais que isso, foi um lamento pela maldade e sinuosidade, o perceber que decididamente não respeitamos todos o mesmo."
A imagem do ano, entretanto já esquecida - o que é um cruel sinal dos tempos -, é para mim aquela que ficou conhecida por representar o naufrágio da humanidade. A imagem do corpo do menino Aylan Kurdi, de três anos, morto sobre a areia de uma praia na Turquia. É uma imagem de 2015. Mas é um reflexo do passado que ameaça o futuro. Recordemo-la como aquilo que representa: frustração e impotência. E que essa recordação nos ajude a reverter este naufrágio colectivo da humanidade."
Algo que melhorou as nossas vidas
"Eu brinco com o facto da moda das corridas ser mais contagiosa que uma constipação no pico do inverno, mas no fundo tenho pena de ser uma lesma de sofá a quem o bicho ainda não pegou. A saúde está definitivamente na moda e mesmo que seja em pacotes de 42km de cada vez, faz-nos bem esta evolução desde os tempos em que só corríamos... para o drive-in de fast food mais próximo."
"Jorge Jesus no Sporting, estilhaçando a acomodação instalada no clube, colocando os limites leoninos no céu, devolvendo o leão ao seu lugar: o primeiro!"
"A chegada do Netflix a Portugal. O catálogo é fraco-fraquinho-talvez-o-mais-pobrezinho-de-sempre, mas há espaço para melhorar. Com o Netflix, cada um de nós é director de programas de si mesmo. Podemos ver o que queremos, quando queremos, onde queremos. Há todo um paradigma sobre a forma de assistir a séries, documentários e filmes que terá de ser repensado e reajustado. E isto, com tudo o que possa ter de anti-social, é uma coisa boa. Obrigada, 2015!"
"A Book Depository. Já a tinha utilizado antes através do Amazon Marketplace mas nunca tinha ido diretamente ao site. Com o fim dos portes gratuitos da Amazon e uma vez que compro 2 a 3 livros por mês, a Book Depository foi a melhor coisa que aconteceu às minhas finanças e às minhas leituras em 2015. As minhas compras de livros mensais são agora quase sempre lá."
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